23 de outubro de 2009

Fórum de discussão.

Navegue pelo nosso Blog e participe do FÓRUM de discussão sobre a construção de barragens no Alto Ribeira.

20 de outubro de 2009

Vale do Ribeira

O Vale do Ribeira está localizado, em sua maior parte, no estado de São Paulo (22 municípios) e também no estado do Paraná (9 municípios).
No século 17, foi encontrado nessa região muito ouro, o que levou à ida não só de exploradores, mas principalmente de escravos, já que era preciso muitos deles para a retirada desse minério.
Em 1990, o Vale do Ribeira foi considerado pela UNESCO patrimônio natural socioambiental e cultural.
Hoje em dia, possui a maior área de Mata Atlântica contínua do Brasil a qual, atualmente, contém apenas 7% de sua área original, sendo que 23% desse restante estão no Vale do Ribeira.
Por ser uma região onde há uma grande diversidade biológica, existem áreas de proteção ambiental legais, que ocupam mais da metade do seu território. Essas áreas têm como finalidade proteger os animais e o que resta da mata. Um bom exemplo de unidade de preservação é o PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira), que abriga 300 cavernas registradas. Há também 150 monumentos tombados como patrimônio histórico-cultural.
O vale do Ribeira tem esse nome por causa do Rio Ribeira de Iguape, que é dividido em três: o alto Ribeira, onde se localiza o PETAR, o médio Ribeira, onde se localiza o município de Cananéia e o baixo Ribeira, onde se localiza a Ilha do Cardoso.
Existe um projeto para a construção de uma usina hidrelétrica chamada Tijuco Alto, que tem o objetivo de produzir energia para a produção de alumínio da CBA (Companhia Brasileira de Alumínio). Isso causará sérias conseqüências para o meio ambiente, como o alagamento de algumas cavernas e de uma grande área da Mata Atlântica.
O Vale do Ribeira tem um dos mais baixos Índices do Desenvolvimento Humano (IDH) de São Paulo e Paraná, com uma população que depende muito dos meios naturais, como a água dos rios. A região possui o maior índice de mortalidade infantil e analfabetismo. Em relação à economia, o governo local investe bastante no turismo e está começando a apoiar aqueles que plantam pupunha. Muitas pessoas vivem da agricultura de subsistência. Os habitantes da região do Vale do Ribeira têm grandes dificuldades para estudar, pois lá não há escolas suficientes e boas. Também não tem bons recursos na saúde, já que os poucos hospitais não possuem muitos médicos especializados. Mostra-se, assim, que a região está passando por dificuldades socioeconômicas.

Fotos

O Quilombo de Ivaporunduva visto do Rio Ribeira de Iguape



Estalactite da Caverna do Diabo



Vista superior da cidade de Iporanga (visão da prefeitura)



Uma das bocas da Caverna Couto



A primeira igreja construída no Quilombo de Ivaporunduva


Boca da Caverna do Diabo

Vídeo:
Entrevista na prefeitura da cidade de Iporanga com o secretário de obras, irmão do prefeito.


Iporanga

Iporanga é uma pequena cidade, situada no Vale do Ribeira, no estado de São Paulo. Em 1556, ocorreu a primeira ocupação humana na cidade, e foi nessa época que os altos e baixos da economia começaram com com a chegada do homem branco.
Houve grande exploração de ouro na cidade, que era retirado sofridamente. Porém no ano de 1700, muitos garimpeiros, com a descoberta do ouro em Minas Gerais, se mudaram de Iporanga. A economia diminuiu e a cidade se transformou em um ponto de transição do comércio, que vinha do planalto e ia para o litoral. Entre os anos 1945 e 1950, ocorreu a entrada de palmiteiros na região.
A cidade de Iporanga tem uma infraestrutura muito simples. Em relação a educação, a escola tem apenas 150 alunos, é compartilhada e tem muitos alunos por sala. Porém, há projetos de melhoria, como a criação de uma sala de computação e a construção de uma cobertura para a quadra.
Em relação à saúde, os postos de saúde precisam melhorar a higiene, há poucos médicos e os exames são razoáveis. No entanto, quando os pacientes necessitam de atendimento mais especializado, eles são levados para um hospital a 98km da cidade, com transporte da prefeitura.
Um dos maiores problemas de Iporanga é o desemprego. As pessoas não tem onde trabalhar e por isso os vereadores da cidade acreditam que com a construção de barragens isso irá melhorar. As atividades econômicas da região são a agricultura e o turismo, que é a atividade mais lucrativa e que poderá diminuir com a construçao das barragens.

Fotos

Vereador de Iporanga nos concedendo uma entrevista na câmara dos vereadores.


Vista de parte de uma Igreja (ao fundo).



Posto de saúde da cidade



Brasão de Iporanga



Cidadão de Iporanga andando a cavalo



Uma das ruas da cidade de Iporanga, que é muito simples

Vídeo:
Médico do posto de saúde fornecendo uma entrevista.

Comunidade Quilombola

Há cerca de 400 anos, escravos fugidos, brancos pobres e outros desamparados, formaram várias comunidades pelo país. Algumas dessas comunidades, conhecidas como Comunidades Quilombolas, duram até hoje. Um importante exemplo é a Comunidade de Ivaporunduva, que se localiza no Município de Eldorado, em São Paulo, às margens do rio Ribeira de Iguape.
Segundo alguns registros, as terras do quilombo pertenciam a Maria Joana, que morreu enquanto se tratava de uma doença. Como a proprietária era viúva e não tinha parentes, a terra ficou para os escravos.
A Comunidade tem cerca de 400 pessoas, que dividem todo trabalho e as terras entre as 80 famílias. A maioria vive da agricultura de subsistência, turismo, artesanato e da plantação e da venda de bananas orgânicas.
Foi somente em 1997, após longos anos de luta, que conseguiram ser reconhecidos pela justiça como Comunidade Quilombola. Somente no ano passado, conseguiram realmente o direito de suas terras. Um dos grandes problemas que atinge a Comunidade é a questão da educação, pois os jovens de lá não têm acesso a uma boa educação e, na tentativa de mandar alguns para estudar em São Paulo, muito poucos conseguiam chegar até o fim e se formar. Mas o problema que assombra a Comunidade há algum tempo é a construção das usinas hidrelétricas na região. Com a construção das barragens, a maior parte da Comunidade será inundada, restando para fora da água apenas a cruz da igreja. O que realmente os preocupa é que, se saírem de suas terras, terão dificuldades em se adaptar, pois só sabem viver de sua agricultura e por seu estilo de vida. Não conseguiriam recomeçar em outro lugar, como São Paulo.

Fotos

Vista da comunidade do lado oposto do Rio Ribeira



A simples estrutura da comunidade


Plantação de bananas orgânicas da comunidade, uma comum atividade econômica dos moradores



Entrada do quilombo de Ivaporunduva



Construção típica da comunidade



Um simples bar freqüentado pela comunidade de Ivaporunduva

Vídeo:
Palestra de um morador sobre a opinião da comunidade em relação à construção das usinas hidrelétricas.



Petar

Em 1958, foi criado o PEAR (Parque Estadual do Alto do Ribeira), uma unidade de conservação com uma área muito grande. Depois de alguns anos, o PEAR virou PETAR (Parque Estadual Turístico do Alto do Ribeira) depois de ser estruturado para receber visitantes.
O PETAR tem uma área de 35.712 hectares, é considerado uma das Unidades de Conservação mais importantes do mundo. Contém a maior quantidade de Mata Atlântica preservada do Brasil e mais de 300 cavernas catalogadas. É considerado hoje um patrimônio da humanidade, reconhecido pela UNESCO. Além disso, o parque abriga um enorme número de espécies em extinção e uma fauna e flora exuberantes.
Uma das cavernas mais importantes é a caverna de Santana que tem 6,5 km de extensão e contém uma quantidade enorme de espeleotemas (estalactites, estalagmites, colunas, escorrimentos e cortinas).
Se os projetos da CBA e das outras usinas forem aprovados uma parte da cidade de Iporanga será alagada e grande parte da fauna e da flora da região será totalmente destruída. Com isso, a cidade também terá prejuízo, pois o turismo, maior fonte de renda da cidade vai ser muito prejudicado.

Fotos

Coluna formada de estalactites e estalagmites


Cortina



Vista de dentro para fora da Caverna Couto



Fauna do Petar



Caverna Couto



Entrada da caverna Morro Preto, com estalactites e estalagmites.

Vídeo:
Neste vídeo há uma montagem com fotos de espeleotemas, fauna e flora do Petar

Companhia Brasileira de Alumínio (CBA)

A CBA, criada em 1955, localiza-se na cidade de Alumínio, SP, e é a segunda maior empresa brasileira produtora de metal.

O projeto de construção da empresa é de 1931 e foi financiado pelo grupo Votorantim, que em 1946, passou a ter o controle acionário da empresa. Por ano, ela fabrica cerca de 475 mil toneladas de alumínio. É uma das maiores empresas do setor e realiza, no mesmo local, desde o processamento da bauxita até a fabricação de produtos: lingotes, tarugos, vergalhões, placas, bobinas, chapas, folhas, perfis, telhas e cabos. Destina cerca de 40% de sua produção para o mercado externo, principalmente para a América do Norte. Tem cerca de sete mil funcionários e 13 filiais espalhadas pelo Brasil.

Um dos diferenciais da empresa é que ela possui reserva própria de minério. Toda bauxita utilizada pela empresa provém de reservas próprias situadas nas regiões de Poços de Caldas e Itamarati de Minas. A CBA tem ainda participação na mineração Rio Grande do Norte, localizada na região de Trombetas do Pará. Outro grande diferencial é a autogeração de energia elétrica, por meio das 18 usinas hidrelétricas que possui, e tem interesse em construir mais quatro, planejadas para a região do Vale do Ribeira.
Porém, a construção destas barragens trará grandes problemas para esta região, na opinião dos moradores, pois ela abriga uma vasta área de Mata Atlântica preservada, o maior patrimônio espeleológico do Brasil, uma grande quantidade de ribeirinhas que vivem da pesca e comunidades quilombolas que vivem neste local há muitos anos e não se adaptariam a viver em outros locais. Quando questionada, a empresa se defendeu, dizendo que a UHE Tijuco Alto não trará malefícios relevantes para a região.

Fotos

Na imagem acima, podemos ver tubos


Nesse imagem podemos ver uma área de bauxita, matéria prima do alumínio



Podemos observar nesta imagem os cabos que levam a energia para toda a empresa. Podemos ver também que muita eneria é consumida, e a CBA é a segunda maior consumidora dela



Nesta imagem podemos ver a enormidade da entrada da empresa produtora de alumínio



Na imagem, podemos observar uma grande quantidade de minério de onde será extraida a bauxita, matéria prima do alumínio



Nessa imagem podemos ver uma área de mineração



Vídeo



Usinas no Vale do Ribeira

A usina hidrelétrica de Tijuco Alto deverá ser implantada pela Companhia Brasileira de Alumínio, a CBA. A barragem de Tijuco Alto tem sido uma ameaça para o último rio federal sem intervenção. Por 20 anos, o Grupo Votorantim tenta executar a barragem no rio Ribeira de Iguape, que corta os estados de São Paulo e Paraná. As comunidades locais e as organizações socioambientais têm evitado a construção da barragem, (não estão gostando muito da idéia). A sequência em que as barragens serão construídas é, primeiro, a de Tijuco Alto, depois a de Itaóca, e por fim Funil e Batatal. Apenas um grupo, além da CBA e CESP, será beneficiado com a construção das barragens, que são os pescadores, pois grande parte será alagada e assim, eles poderão fazer gaiolas e conseguir até1500 peixes. Já os outros grupos não serão tão beneficiados, pois na cidade de Iporanga não há uma grande geração de riquezas. Seu maior meio de comércio é o turismo, e com a construção da barragem, muitos lugares, como cavernas e a Mata Atlântica, serão alagadas, diminuindo a quantidade de pessoas que visitariam a cidade. Em Ivaporunduva, os quilombolas também não serão beneficiados com isso, pois o local onde está localizada a sua comunidade será alagado, assim, eles não terão para onde ir, irão ficar sem moradia e trabalho.
Depois, ouvimos o outro lado, o da indústria CBA. Esta defende a construção e argumenta “já compramos uma grande parte das áreas que ficam na beira do rio”. A situação não é boa, já que são dois lados defendendo seus princípios. Um apoia o projeto e o outro é contra.

Fotos

Entrada da CBA, cidade de alumínio


Usina localizada na CBA.


Rio Ribeira em frente a comunidade quilombola.


A cidade de Iporanga, um lugar precário.



Área de preservação da mata Atlântica.



Praça na cidade de Iporanga.


Vídeo:
Opinião dos quilombolas sobre a construção das usinas